Imagem free, Pixabay.
Vou ser sincera com você: eu não fazia a menor ideia sobre o que escrever nesta edição. Alguns temas vieram à minha cabeça, mas nenhum deles chegou no meu coração e decidi apenas deixá-los para depois — ou para lá.
Quando comecei o projeto desta newsletter eu tinha muitas ideias de temas. Todas estão anotadas, mas dando uma olhada, nenhuma pareceu fazer sentido. Aí um pensamento chegou rapidamente — e foi embora mais rapidamente ainda —, o de que eu poderia acabar com a newsletter (bem fatalista, eu sei, foi quase como um reflexo) ou pular essa semana e voltar a escrever quando me sentisse mais inspirada. Mas quantas coisas não deixamos de continuar fazendo porque não sentimos a bendita da inspiração?
Se você já escreveu um livro, ou um conto, ou já se empenhou numa ideia ou num projeto pessoal, você sabe que começar não é tão difícil quanto dizem. No começo você está inspirado, motivado, se acha capaz de continuar o projeto pelo resto da sua vida — e nós queremos que ela seja longa. Aí então passa um tempo e chega o momento em que as coisas podem não estar dando o resultado que você imaginava e você não se sente mais motivado como antes. Não é mais possível contar com a dopamina da novidade. Nada vai ser tão extasiante quanto o momento da ideia. Nada contará mais com a inspiração do que a primeira cena de um conto ou o primeiro capítulo do livro. Mas a segunda cena e o segundo capítulo sempre chegam. E aí? Dá para encerrar a empreitada. Você ainda está no começo e terminar não é tão difícil quanto dizem — especialmente se você ainda não empreendeu muito tempo, energia e dinheiro no projeto. É só não continuar.
O difícil é continuar. É seguir mesmo sem saber se vai levar a algum lugar. É arrumar maneiras de se manter motivado e de se reencontrar com a famigerada inspiração. Continuar é difícil. Mas é preciso. Especialmente se você gosta do projeto, se gosta do processo de fazê-lo acontecer. É bom também tentar desapegar do resultado. Aí está algo que talvez seja mais difícil do que continuar. Mas que talvez seja ainda mais necessário.
Então, esta edição saiu assim, meio que um lembrete para nós, que precisamos ter fé, confiar sem ter a evidência de que vai dar certo, se manter no caminho mesmo em meio a incertezas. Se há algo em sua vida agora que você sente que ainda precisa continuar fazendo, mas está meio desmotivado para isso, considere este texto um sinal do Universo (ou de Deus) pra continuar. Ou considere apenas uma maneira que eu encontrei pra continuar. Sugiro que você encontre a sua.
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Atraído para sua cidade natal, Paulo relembra com nostalgia sua infância e sua conexão com Ernesto, um menino tímido e de grandes olhos escuros (como duas jabuticabas), que morava na velha cabana no fim da rua.
Inspirado pela música 'Seven', da cantora Taylor Swift, e com uma pitada de terror de pano de fundo, 'O menino da cabana assombrada' é um conto sobre o peso do fim da infância, autodescobertas e um segredo de partir o coração.
Tá aí uma verdade, Larissa. Muito, muito difícil ter consistência, persistência e paciência no processo