#01 – Sobre viver as nossas dúvidas

E por que eu decidi criar uma Newsletter agora

Já faz algum tempo que eu desejo ter uma Newsletter, um espaço que me permita manter um contato mais próximo com os leitores e, também, um projeto que me ajude na minha formação como escritora e contribua para a evolução da minha escrita.

Uma Newsletter semanal no Substack me parece uma excelente maneira de unir as duas coisas, já que vai me incentivar a escrever e a ser criativa toda semana, e só será enviada para a caixa de entrada do e-mail daqueles que possuem interesse em receber as edições.

Aqui vai uma revelação: esta Newsletter já está criada desde março. Mas, então, por que não publiquei nada antes? Por que estou começando só agora? Por causa das dúvidas:

Sobre o que escrever? Para quem? Mas por que alguém vai querer ler sobre o que eu quero escrever? E sobre o que é mesmo que eu quero escrever? E se ninguém ler? E se lerem e não gostarem? E se eu não conseguir seguir a periodicidade combinada? E se for um fracasso?

Você deve conhecer este sentimento, o conflito entre querer dar andamento a uma coisa que você sente que é importante e não saber como começá-la e muito menos se tem a capacidade de seguir com ela.

Preenchida pelas dúvidas, achei que ignorar essa vontade fosse o suficiente para fazê-la definhar e morrer. Spoiler: não foi, e acho que nunca é. O desejo de ter este espaço continuou rondando e, até mesmo, perseguindo minha mente ao longo dos meses. Infelizmente, as dúvidas também, o que resultou em adiar o projeto até que uma futura versão minha, que eu chamo de Larissa do Futuro, tivesse as respostas.

Esperei, esperei, esperei e nada. As respostas não chegaram. Então, hoje, eu decidi que estou pronta para começar este projeto com as ferramentas e conhecimentos que tenho no momento — e já faz algum tempo que aprendi que estar pronto é uma decisão, não um sentimento.

Vou seguir o conselho que o poeta Rainer Maria Rilke deu ao jovem Franz Kappus em suas ‘Cartas a um jovem poeta’ e parar de esperar pelas respostas. Vou viver minhas dúvidas agora, pois a vida é sobre viver tudo.

Talvez você também esteja paralisado por dúvidas e adiando a vida por ainda não ter as respostas. Convido você a refletir se não é melhor começar já, apesar de não saber (insira aqui sua dúvida). Talvez aos poucos, sem percebermos, como disse Rilke em uma de suas cartas, algum dia nós acabemos vivenciando as respostas.

“[…] gostaria de lhe pedir do melhor modo que puder, meu caro senhor, que tenha paciência em relação a tudo o que ainda há de insolúvel em seu coração e que tente amar as próprias dúvidas como se fossem aposentos trancados ou como livros escritos em uma língua estrangeira”.

Trecho de uma das cartas do poeta Rilke. Li o e-book da edição da Antofágica, com tradução direta do alemão por Erlon José Pachoal.

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